Em função da beleza

A verdade nua e crua é que nos importamos com a beleza, com que o povo diz e com todo o resto. Se a gente tivesse dinheiro compraríamos tudo, pagaríamos o que fosse para sermos melhor e mais bonitas(os). Essa de que temos que aceitar a beleza da alma é só desculpazinha para nossa deficiência financeira.

Com o tempo comecei a me aceitar desse jeito aqui. Engordei uns quilinhos e nem sei mais quanto eu peso. Hoje consigo conviver com meu cabelo que eu mesma cortei, com as espinhas e cravos do meu rosto, com o meu dente entramelado, com meus pés ressecados de boa e sou muito feliz. Não que isso seja o máximo, mas como não tem dinheiro pra mudar, vamos aceitar.

Há uns meses atrás desisti de ser escrava do sutiã, nossa que liberdade. Parei de usar cremes caríssimos para os cachos, não encho minha cara de cremes anti-acne e não e mexo nas espinhas. Pareço mais largada e sem amor, mas por dentro eu tô um arraso. 

Já me chamaram de feia. Disseram que antes eu me cuidava mais e que me larguei. Sim, eu me abandonei. Deixei aquela garota louca por instagram, que vive querendo ser como as blogueiras. Na verdade evito olhar muito pra elas pra não baixar a auto-estima.

E claro! Aceito presentes, dicas, elogios e críticas. Quando saio pra algum evento eu me arrumo. Não me larguei totalmente. Sou louca pelo Esquadrão da moda, só me falta os 12 mil.

Quero dizer, meninas e meninos, que podemos ser o que quiser, mas não viver na ilusão do corpo perfeito, da mega vida social. Eu me sinto livre assim, você pode se sentir livre de outra maneira. E não me acho linda, pelo contrário, eu sou comum. Num mundo de tantas feiuras da alma, ser comum é um elogio.